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Exercício é remédio

“Acumulou-se um conhecimento considerável nas últimas décadas sobre a importância da atividade física no tratamento de várias doenças, incluindo doenças que não se manifestam primariamente como distúrbios do aparelho locomotor”, Pedersen 2006.

Através da citação acima, e ao longo dessas linhas, relato um conceito consistente, que surgiu na última década desse século, e que vem ganhando força, nos meios acadêmicos: “exercício é remédio”. Além de tecer meus comentários, tal afirmação foi reforçada no dia 17 de janeiro de 2022, quando o profissional de Educação Física foi reconhecido pela Classificação Brasileira de Ocupações (COB) como profissional de educação física na saúde.

Terapia com exercícios físicos

No mundo médico, é tradicional prescrever um tratamento baseado em evidências conhecido por ser o mais eficaz e com menos efeitos colaterais ou riscos. As evidências sugerem que, em casos selecionados, a terapia com exercícios é tão eficaz quanto o tratamento médico – e em situações especiais, mais eficaz – ou até mesmo aumentam seus efeitos. Neste contexto, a terapia por exercício não representa uma mudança de paradigma – é antes um conhecimento acumulado, extenso, que tem de ser implementado.

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A terapia com exercícios pode ter efeitos clínicos, seja afetando diretamente a patogênese da doença (por exemplo, claudicação intermitente, doença cardíaca coronária), melhorando os sintomas dominantes da doença subjacente (por exemplo, doença pulmonar obstrutiva crônica) ou melhorando a aptidão física, a força e, portanto, a qualidade de vida em pacientes enfraquecidos por doenças.

O efeito positivo do exercício no tratamento de doenças crônicas não transmissíveis tem nível de evidência máxima. Isso significa que a ciência – através de pesquisas altamente qualificas – comprovou que o exercício tem o mesmo efeito do remédio e ou até maior. Além disso, existem inúmeros benefícios adicionais que são adquiridos com a prática, e aumentam – ainda mais– a qualidade de vida do praticante, além da segurança e ausência de efeito colateral.

Sim, devemos olhar para o exercício como um hábito a ser inserido em nosso estilo de vida, a partir do entendimento que este hábito irá promover, resgatar, preservar e ampliar nosso nível de saúde, tempo e qualidade de vida.

Infográfico: Pragas e insetos mais comuns em jardins.

A recomendação de exercícios para atingir tais resultados deve ser individualizada. Assim como remédio, o exercício tem a dose adequada para cada pessoa em seu momento de vida.

Por exemplo, se você for portador de diabetes e utilizar remédio para pressão, não obterá benefícios e provavelmente terá problemas com sua pressão, da mesma forma que uma pessoa que necessita emagrecer deve seguir um protocolo de exercícios específico para tal, além – é claro – de respeitar sua condição física no momento em que sua atividade terá início. Assim como o remédio, é possível controlar a dose do exercício, seguindo o processo pertinente a essa situação.

Cargas, musculação e pilates

Deixe-me explicar melhor: a dose de exercício é classificada como carga de treino que é a combinação e interação de uma série de variáveis, como por exemplo na musculação ou pilates: quantidade de séries, quantidade de repetições, velocidade de execução do movimento, quantidade de exercícios da sessão, quantidade de exercícios por grupo muscular, intervalo entre as séries, intervalo entre os exercícios, frequência semanal de prática, peso deslocado, percepção de esforço, a combinação organizada dessas variáveis determina a dose ou carga de treino.

É fundamental que a dose ou carga de treino seja adequada a necessidade e condição física e de saúde do praticante, uma vez que temos 3 possíveis respostas frente a esse controle.

Acompanhe:

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Dose/Carga baixa ou insuficiente:
Esse estímulo gera poucas adaptações ou mudanças necessárias à sua saúde e objetivos com a atividade praticada.
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Dose/Carga adequada
Esse estímulo gera as adaptações necessárias através do correto esforço e exigência física, mudando e aprimorando sua fisiologia e consequentemente sua saúde qualidade de vida, levando-o a seus objetivos.
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Dose/Carga excessivas
Esse estímulo é lesivo e perigoso a sua saúde e integridade física e mental, gerando mais prejuízos do que benefícios.

Modalidades

Outro ponto importante é com relação a modalidade a ser praticada quando se tem necessidades e objetivos específicos. Abordo aqui 2 modalidades específicas, são elas as aeróbicas (caminhar, pedalar, nadar, correr) e as de exercícios contra resistência (musculação, pilates, exercícios calistênicos/com peso corporal). Dependendo do objetivo e necessidade, as práticas mais frequentes – de uma ou outra – serão mais eficientes ou ainda a combinação de ambas, sempre de forma estruturada e planejada.

O que devemos ter em mente é que nosso corpo é complexo, e formado por vários sistemas, como muscular, cardiovascular, pulmonar, ósseo. Dessa forma, fica evidente e a literatura também já mostrou que a combinação de modalidades é mais benéfica e eficiente à nossa saúde e objetivos, isso devido as múltiplas adaptações (ganhos condicionantes) que temos ao praticá-las. Ou seja, ao realizar várias modalidades, aprimoro os sistemas de minha fisiologia. Devemos apenas saber que se faz necessária uma estruturação onde a dose/carga de treino seja adequadamente ajustada para nossa realidade ou momento e que haja uma revisão pontual e ajustes de carga para que continuemos a progredir.

Dessa maneira, fica claro que a recomendação ideal é individual. Entretanto, a literatura aponta para as doses de exercícios adequadas para a obtenção de benefícios à saúde, que abrangem grande parte da população:

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Exercícios Resistidos
2 x/semana com 40 a 60 minutos de duração e moderada intensidade.
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Exercícios Aeróbicos
3x/semana 30 a 60 minutos de duração e moderada intensidade.

Entendido que “exercício é remédio”, e que não há efeitos colaterais, e sim mais benefícios associados – além do combate –, seja no tratamento ou na prevenção de doenças e que, assim como remédios, tem a dose/carga correta para tal benefício ser gerado, vamos entender agora como deve ser feito para que a prescrição seja assertiva. Confira:

1. Método

Existem centenas de modelos ou métodos de treinamento, tanto aeróbicos quanto de exercícios contra resistência, esses métodos determinam a dose/carga e sua resposta ou resultado apresentado por nossa fisiologia (mudança corporal, melhora da respiração, melhora da força, melhora da flexibilidade, melhora da ansiedade e estresse, entre outras mudanças/adaptações).

2. Avaliação física

Para determinar o método, devemos ter um diagnóstico do praticante, através de um procedimento chamado avaliação física, que é composta por 3 etapas: (1) anamnese/entrevista, (2) composição corporal e (3) testes físicos. Ainda associada a essa avaliação, junto à anamnese, podemos fazer uso dos dados médicos, ou a própria avaliação médica; o que é recomendado, pois teremos – nesse caso – um diagnóstico preciso referente a saúde do indivíduo. Segue, um breve resumo a respeito, das etapas:

  • Anamnese/entrevista: Permite que conheçamos melhor o futuro praticante, através de perguntas sobre sua condição de saúde, objetivos com a prática de exercícios, quanto tempo pretende dedicar ao exercício, sua rotina diária, entre outros.
  • Composição corporal: É possível identificar de forma clara qual é o déficit muscular em quilogramas, quantos kg de excesso de gordura deve-se eliminar, além de quais pontos anatômicos/corporais que demanda por e mais atenção.
  • Testes físicos: Mede-se o nível atual de condicionamento fisico, a partir da mensuração da força ou resistência muscular, flexibilidade e capacidade aeróbica, com essas medidas temos parâmetros para quantificar a carga ideal de treinamento, além de acompanhar de forma objetiva a progressão do praticante.

A avaliação nos dá parâmetros e clareza do estado atual do indivíduo para que possamos buscar na literatura o modelo de exercícios e treinamento mais adequado a seu perfil diagnóstico, e com isso criarmos um plano seguro e eficiente de exercicios, com a dose/carga correta. A partir desse ponto, realizamos o processo de acompanhamento e ajuste da dose/carga, realizando progressões de acordo com a evolução adaptação do indivíduo. As progressões são previsíveis, não só pela avaliação e acompanhamento, mas pela própria literatura e protocolo/modelo de treinamento adotado. Ou seja, temos uma direção clara e segura, além da facilidade em identificar as necessidades de ajuste, caso algo não esteja caminhando como planejado.

Mensagem final

Substitua seus remédios, por exercícios físicos; doenças, por saúde. Aqui, apenas uma ponderação: inicialmente busque por orientação profissional e converse com um profissional de Educação Física. Nós – da Base Viva Academia – podemos te ajudar nesse sentido.

Converse com seu médico, caso você tenha realizado seu checkup ou exames de rotina, há tempos. Agende uma consulta e fale a respeito das mudanças que você deseja promover, com a inserção de exercícios físicos em sua rotina de vida. Esse post tem por objetivo incentivá-lo a buscar por orientação, ajuda e suporte para tal.

A prática de exercícios físicos é benéfica, sob todas as esferas. E quando sua prescrição é individualizada, os resultados são extraordinários.

Se você ainda não se engajou com a prática, entenda que – provavelmente – você não obteve ajuda especializada, e por esse motivo – tanto a realização quanto os resultados – não foram adequados às suas necessidades.

Não desista da prática de exercícios, não desista de você. Busque por auxílio profissional para atingir seus objetivos. Obtenha uma vida saudável, com qualidade, vigor, satisfação e energia. Viva mais. Viva você.

Referência: Pedersen & Stalin, 2006 Medicine and Science in Sport